O descaso do Corinthians com a própria história acaba de ganhar um novo capítulo.
O gigante Cássio Ramos vai deixar o Parque São Jorge.
A informação foi confirmada nesta sexta-feira pelo presidente do clube, Augusto Mello.
Aos 36 anos de idade, o goleiro acertou com o Cruzeiro e em breve estará defendendo outras cores.
Cássio pelo Corinthians
Perder Cássio é uma demonstração da inaptidão generalizada que tomou conta do SCCP.
Cássio é o segundo jogador a mais vezes representar o Timão nos gramados de todo o mundo, com 712 jogos, sendo 710 como titular. Está atrás apenas do lateral-esquerdo Wladimir (806 jogos).
Conquistou nove troféus: 1 Mundial de Clubes (2012), 1 Libertadores (2012), 1 Recopa Sul-Americana (2013), 2 Campeonatos Brasileiros (2015 e 2017) e 4 Campeonatos Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019).
Uma história com a estatura de Cássio, o maior goleiro da história alvinegra.
Saída chocante
Isso torna ainda mais chocante a forma como se dá a saída de um dos mais vitoriosos atletas da história alvinegra.
Depois de quase 13 anos no clube, bastou um início de temporada abaixo da média para que torcida e mídia caíssem sobre a cabeça de Cássio como se fosse dele a culpa de o Corinthians ceder tantas finalizações, de jogar tão mal, de não balançar as redes adversárias…
Na tradicional mídia anticorinthiana e nas redes sociais, só faltou responsabilizarem Cássio pelo caos financeiro nas contas do clube.
Falhou em bolas defensáveis? Falhou. Devia pegar um banco? Concordo. É do jogo. Também demonstrou em certos momentos que não entendia o estado emocional de ser Corinthians.
De qualquer modo, Cássio jamais poderia ver cair sobre seus ombros responsabilidades que nunca pertenceram a ele.
Com o time de merda deixado pela Renovação & Transparência e piorado por Augusto Mello, não tem Cássio, Carlos Miguel, Dida ou Gylmar dos Santos Neves que resolva.
O ataque não ataca, o meio de campo não marca, a defesa deixa qualquer um entrar na área como bem entende e a culpa é do goleiro? Beleza. O próprio Cássio queixou-se disso publicamente — e com razão.
Sem o menor tato para lidar com a situação e afundado na própria lama, Augusto Mello usou o gigante como escudo e permitiu a saída de um dos maiores jogadores da história do Corinthians como se fosse um qualquer.
O descaso do Corinthians pela própria história
Uma parcela da torcida tem também a sua responsabilidade ao não demonstrar a menor serenidade para lidar com as más fases de seus próprios ídolos.
Memória curta e seletiva é uma desgraça — e isso nem vem de hoje.
Outro goleiro histórico do Corinthians, Gylmar dos Santos Neves, deixou o Parque São Jorge na baixa para consagrar-se no Santos de Pelé.
Vicente Matheus fez populismo futebolístico ao permitir que torcida e imprensa responsabilizassem Roberto Rivellino pela perda (roubada) do Paulistão de 1974. Riva foi ser campeão em outro lugar.
O mesmo onde Ronaldo Giovanelli afundou-se depois de deixar o PSJ pela porta dos fundos na passagem de 1997 para 1998.
Sem contar a forma melancólica como jogadores como Neto, Marcelinho Carioca, Edílson, Ricardinho, Rincón e Wladimir viram suas passagens pelo Corinthians chegar ao fim.
O mesmo Corinthians que não soube aposentar Luisinho, o Pequeno Polegar — só o maior jogador de sua história.
Entre tantas coisas, o Corinthians precisa aprender a dar valor para a própria história.
Dar valor não no sentido monetário — a tentativa fajuta de mercantilização da Democracia Corinthiana por Duílio Monteiro Alves é um exemplo —, mas no de auto-respeito.
A recente aposentadoria digna de Zidanilo mostrou-se um ponto fora da curva alvinegra.
Que Carlos Miguel tenha maturidade para aguentar tamanha insensatez.
Obrigado por tudo, Cássio.
Obrigado, Cássio! Vocé é gigante. E um sonoro VTNC a todos os minúsculos responsáveis por essa cagada generalizada que resultou na saída de um líder em campo e no vestiario, de um homem com H, do maior goleiro da História do Corinthians e um dos maiores jogadores nos 113 anos de Timão.
Os dirigentes de futebol têm uma capacidade quase ilimitada de fazer merda, de destruir instituições, de prejudicar essa que é uma das maiores paixões mundiais. Infelizmente não acompanhei a carreira do grande Rivelino, mas li e reli como foi embora do Parque São Jorge assim, quase de repente, como um qualquer. Eis que anos depois temos um descaso parecido acontece.
Até agora não me conformo como o grande ídolo de uma geração, símbolo do período mais vitorioso da história do Corinthians, um dos maiores jogadores que já vestiu esse manto sagrado, simplesmente vai embora, grava um vídeo envergonhado e fim. Acabou.
Não sei, e talvez nunca se saberá, as reais motivações de sua saída. Mas eu pergunto: não existe um único filho da puta no clube capaz de conduzir algo tão importante com o mínimo de decência??? É com esses canalhas no comando que temos que lotar estádios?
O sujeito que ocupa hoje a presidência do clube (não vou citar seu nome, por asco), disse a brilhante frase: “vida que segue”. Sim, segue. No sentido do abismo, seu FILHO DA PUTA sem caráter. Assim como toda a diretoria.
Eu gostaria de dizer obrigado ao Cássio. Mas acho que antes alguém nessa história toda deve um pedido de desculpas à nação corintiana. Um dia triste na história alvinegra.