Mais uma reformulação de sucesso no Corinthians Futsal em 2022

O futsal corinthiano entrou em 2022 em meio a uma arriscada reformulação. Depois de seis temporadas à frente do Corinthians Futsal, André Bié aceitou convite para trabalhar no exterior e deixou o Parque São Jorge.

O ciclo de Bié chegou ao fim com 11 títulos conquistados, sendo 6 troféus nacionais, mas com uma perceptível perda de competitividade do time a partir dos primeiros impactos da pandemia.

Voltando lá atrás, quando Bié iniciou sua trajetória no time principal, ele mesmo conduziu uma reformulação forçada pelas desventuras de Roberto de Andrade e obteve um sucesso inesperado.

Um ano depois de sua sucessão, é possível afirmar que o mesmo aconteceu com Deividy Hadson.

O treinador veio do futsal cearense para executar uma reformulação e flertou com o fracasso antes de terminar o ano consagrado junto com o elenco do futsal corinthiano.

Um parêntese para Deividy Hadson

Deividy Hadson destacou-se nos últimos anos ao reprojetar o futsal cearense ao cenário nacional.

O futsal jogado no Ceará sempre esteve entre os mais bem jogados do Brasil, mas sua visibilidade é anulada pela ausência de times fora do centro-sul do Brasil na Liga Nacional de Futsal (LNF).

Hadson veio parar no Timão depois de, no ano passado, conduzir o Ceará ao título da Copa do Brasil de Futsal, batendo o próprio Corinthians em pleno Parque São Jorge no último lance da semifinal e derrotando o Jaraguá na decisão do título.

Mesmo com todo esse currículo e as conquistas de 2022, a organização da LNF cometeu a indecência de não escolher Deividy Hadson como o melhor técnico da temporada. É panelinha que chama? Ou é preconceito mesmo?

Experiência somada à força da base

Quando o treinador chegou, o Corinthians já não contava com o jovem Guilhermão nem com os experientes Éder Lima e Jackson Samurai, marcados por passagens apagadas com o manto alvinegro.

Em contrapartida, pôde mesclar a experiência de atletas como Deives e Lé com mais uma excelente geração vinda de sua vitoriosa base e reforços pontuais, sendo o goleiro Lucas Oliveira e o fixo Allan os que mais se destacaram.

Mas quem olha 2022 a partir do fim do ano não pode se esquecer que o Corinthians Futsal iniciou o ano desacreditado, em especial pela perda de desempenho ao longo de 2021.

Houve inclusive a possibilidade de o Corinthians abrir mão de sua vaga na LNF.

Hadson chegou ao Parque São Jorge com uma nova proposta de jogo, com variações táticas bem diferentes da competitiva porém engessada Liga Nacional de Futsal.

O fator surpresa resultou em atuações fantásticas. Nos piores dias, porém, levou a derrotas doloridas.

O ano começou bem, com resultados positivos tanto no Campeonato Paulista quanto na Liga Nacional. Até que veio o primeiro grande desafio: o Magnus na Arena Sorocaba. A derrota por 6 x 0 abalou os jogadores e deixou a torcida com a pulga atrás da orelha.

A conquista do Campeonato Paulista

Em meio ao afunilamento do Campeonato Paulista começaram a surgir os desfalques por lesão. Foi feita então a opção de priorizar o estadual e deixar temporariamente em segundo plano a Liga Nacional, cuja classificação para a fase de mata-mata estava de certo modo encaminhada.

Com uma campanha irretocável no Paulista, o Timão voltou a se deparar com o Magnus na final, mas com a vantagem do empate.

Com 1 x 1 no jogo de ida e um emocionante 3 x 3 num ginásio Wlamir Marques lotado na volta, o Corinthians faturou o estadual.

Se o resultado deu moral para o Corinthians, abalou o Magnus. O time sorocabano fez uma campanha arrasadora na primeira fase da LNF. Nos play-offs, porém, caiu logo de cara para o jovem Minas Tênis Clube, 16º na classificação geral.

Já o Corinthians abusou da sorte na reta final da primeira fase da Liga Nacional, terminando em um duvidoso décimo lugar.

A posição foi definida na última rodada em um confronto direto com o São José ocorrido entre as finais com o Magnus. O time joseense aplicou um sonoro 4 x 1 em pleno Parque São Jorge, trocou de posição na tabela com o Corinthians e ficou com a vantagem no chaveamento das oitavas-de-final.

O bicampeonato da LNF

Para ser campeão, além de não poder escolher adversário da LNF pela segunda vez na história, o Timão teria que superar uma fase de play-offs que desde o início se desenhou de um modo no qual o alvinegro teria de sempre reverter a desvantagem por ter terminado no “lado de lá” da tabela na primeira fase.

O fator casa mostrou-se preponderante. Sempre nos braços da Fiel, o Corinthians foi vencendo o jogo de ida e empatando a volta fora de casa.

Foi assim nas oitavas-de-final com o São José, nas quartas-de-final contra o Joinville e na semifinal diante do Jaraguá. Vitória em casa seguido de empate fora, sem conceder nenhuma prorrogação.

Na final, contra o Atlântico, duas propostas de jogo diferentes. O Corinthians o tempo todo em cima e o adversário apostando na força física e no contra-ataque – e também contando com a sorte.

Já havia acontecido assim na primeira fase. Em pleno Parque São Jorge, o goleiro João Paulo segurou o ataque alvinegro e o Atlântico ganhou de virada no último lance da partida.

As finais desenharam-se de modo parecido, mas com resultados finais diferentes. Tanto na ida quanto na volta o Atlântico abriu o placar. E em ambas sofreu a virada para acabar goleado – por 6 x 2 no Parque São Jorge e 5 x 1 em Erechim.

Até pela forma como cresceu na fase decisiva e pelos questionamentos levantados na primeira metade do ano, o desabafo de Deividy Hadson, Allan, Lucas Oliveira e outros jogadores após a conquista do título é mais que justificado.

Agora é manter o nível e seguir na busca por mais e mais títulos.