A pandemia do novo coronavírus avança implacavelmente pelo Brasil, mas a alta cartolagem brasileira parece disposta a bancar os riscos de um retorno precipitado do futebol.
Depois de projetar o início do Campeonato Brasileiro da Série A de 2020 para 9 de agosto, a CBF comunicou a pretensão de retomar as competições de futebol feminino duas semanas depois.
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da CBF, Rogério Caboclo detalhou que as Séries B e C do Campeonato Brasileiro masculino serão iniciadas em 8 de agosto. A Série A, segundo ele, volta no dia seguinte.
Já o dia 26 de agosto é a data prevista tanto para a retomada das Copas do Brasil masculina e feminina quanto do Campeonato Brasileiro feminino.
A retomada, é claro, depende da autorização das autoridades sanitárias municipais e estaduais, as mesmas que parecem ter deixado a sensatez inicial de lado em um momento no qual o Brasil vem registrando uma média superior a mil mortes por dia pela Covid-19.
Depois de alguma hesitação numa reunião anterior, os quatro grandes paulistas posicionaram-se publicamente contra o retorno do futebol. O Flamengo, por sua vez, lidera o patético bloco que parece querer tirar proveito da tragédia para obter vantagem competitiva.
Alguns dos grandes problemas dos nossos tempos são a mediocridade, a mesquinharia, a ignorância, o egoísmo e a limitação mental que essas características causam aos dirigentes dos clubes de futebol, dos dirigentes empresariais e dos políticos em geral. É claro que há exceções, mas são apenas exceções. Este era pra ser um momento de união e criatividade em prol do bem de todas as pessoas. Um momento de reinventar a sociedade, nem que seja apenas por um período, para preservar a vida, cuidar dos doentes, buscar a cura da doença, ajudar quem dá emprego e quem perde emprego. O futebol está inserido nesse contexto. Mas não é dada disso que se vê. Quem deveria dar o bom exemplo são aqueles que dão o péssimo exemplo. Quem deveria liderar são aqueles que criam desunião. Quem deveria pensar no bem comum são aqueles que fortalecem apenas os seus parças. Pobre Brasil, pobre futebol brasileiro, pobres brasileiros!