O Corinthians Feminino acaba de romper a marca dos mil gols na era Arthur Elias.
O treinador chegou ao Parque São Jorge em 2016, a convite de Cris Gambaré, para conduzir o mais vitorioso projeto de um clube na história do futebol feminino no Brasil.
Desde a retomada da modalidade no SCCP após um hiato de sete anos, o Corinthians Feminino consolidou-se como o maior campeão brasileiro e vem empilhando troféus de competições locais e internacionais.
E, embora o machismo e o preconceito ainda estejam longe de ficarem restritos aos livros de história, as brabas foram abraçadas pela maior parte da Fiel.
O sucesso nos gramados e o apoio da torcida mostraram-se fundamentais para a caminhada do Corinthians Feminino rumo à autossustentabilidade econômico-financeira.
Entretanto, assim como ocorre no futebol masculino, o clube descuida na preservação de sua própria história.
Tanto é assim que o marco dos mil gols na era Arthur Elias por pouco não passou despercebido.
Felizmente, porém, o Retrospecto Corinthiano e outros veículos alternativos que acompanham as brabas estavam atentos e não deixaram o acontecimento passar em branco.
O milésimo gol das mosqueteiras de 2016 para cá nos levou a correr para elaborar um raio-x desse número repleto de significados.
Nos últimos dias, porém, novos resultados do futebol feminino foram desencavados pelo Retrospecto Corinthiano e pelo SCCP Stats Feminino. E isso fez com o que já se mostrava grandioso se tornasse maior ainda.
Confira a seguir, ano a ano, um raio-X de como o Corinthians Feminino atingiu a marca de mil gols sob o comando de Arthur Elias e a administração de Cris Gambaré.
2016: o ano da retomada do Corinthians Feminino
Abandonado em 2009, o futebol feminino do Corinthians foi retomado em 2016 em uma parceria com o Audax, de Osasco. Já no primeiro ano, o Timão conquistou a Copa do Brasil. Foram 21 vitórias, 10 empates e 5 derrotas, com 99 gols marcados e 33 sofridos.
2017: a primeira Libertadores
A conquista da Copa do Brasil levou o Corinthians para a Copa Libertadores Feminina de 2017. Isso resultou na conquista do primeiro título internacional das mosqueteiras. No Campeonato Brasileiro, o Timão acabou vice-campeão para o Santos. Em campo, as brabas venceram 36 jogos, empataram 7 e perderam 5, com 150 gols a favor e 23 contra.
2018: o primeiro Brasileirão Feminino
Foi em 2018 que o grande público começou a notar que algo especial acontecia no Parque São Jorge. As brabas foram campeãs brasileiras pela primeira vez na história e por pouco não conquistaram o Campeonato Paulista. Nos 47 jogos disputados naquele ano, o Corinthians Feminino venceu 38, empatou sete e perdeu apenas dois, com 154 gols marcados e apenas 29 sofridos.
2019: recorde mundial e o primeiro Paulistão
O Corinthians Feminino marcou seu nome na história do futebol mundial em 2019. As brabas emplacaram uma sequência de 34 vitórias seguidas. Nunca na história do futebol (masculino ou feminino) um time ganhou tantos jogos em sequência. O resultado foi o bicampeonato da Libertadores e a conquista, pela primeira vez na história, do Paulistão Feminino, com direito a recorde de público na final com o São Paulo. A tríplice coroa só não veio pela infelicidade na cobrança de pênaltis na final do Brasileirão diante da Ferroviária. De 48 jogos, o Timão venceu 44, empatou 3 e perdeu só um. Em termos de bola na rede, 150 gols a favor e 19 contra.
2020: títulos mesmo na pandemia
A pandemia afastou a Fiel das brabas em um momento importante. Mas o time seguia forte e não deixou por menos. Faturou o Brasileirão e o Paulistão em campanhas que, somadas, tiveram 32 jogos, com 27 vitórias, 3 empates e duas derrotas, com mais 98 gols na fatura e 18 gols cedidos.
2021: a primeira tríplice coroa do Corinthians Feminino
O ano de 2021 teve um início esquisito e acabou em glória. A temporada começou com a disputa da Libertadores atrasada de 2020 e um amargo terceiro lugar invicto. Com brio e espírito vitorioso, porém, o Corinthians Feminino recuperou-se do tombo, conquistou o Paulistão, o Brasileirão e a Libertadores de 2021 e faturou assim sua primeira tríplice coroa. Foram 42 vitórias, 4 empates e duas derrotas em 48 partidas e um recorde de 182 gols marcados. O time até foi vazado 26 vezes, mas quem se importa?
2022: mais uma tríplice coroa apesar das contusões
O Corinthians Feminino sofreu com as contusões em 2022. Talvez tenha sido o ano mais complicado para Arthur Elias. Com os rivais se reforçando, ele se viu obrigado a rodar o elenco e deu muitas chances para a base. O ano começou com a conquista da primeira Supercopa do Brasil. No Brasileirão, depois de algumas patinadas na fase de classificação, o tetra veio com um passeio sobre o Palmeiras na semifinal e uma virada espetacular diante do Internacional em duas finais com recorde de público. Na Libertadores, com a craque Gabi Zanotti no sacrifício, uma sucessão de contratempos antecedeu uma eliminação roubada em favor do Boca Juniors. No Paulistão, no qual o sub-20 jogou até alguns clássicos da primeira fase, o Corinthians acabou fora das semifinais por um gol de saldo. Isso levou à Copa Paulista. Uma tríplice coroa em seu pior ano não parece nada mal. Na ponta do lápis, foram 31 vitórias, 6 empates e 6 derrotas, com 107 gols a favor e 30 sofridos.
2023: o milésimo gol do Corinthians Feminino
Diante das dificuldades enfrentadas em 2022, o Corinthians Feminino reforçou-se para 2023. A contratação de Duda Sampaio e a adaptação de Luana Bertolucci ao estilo corinthiano vêm compensando em grande parte a ausência de Gabi Zanotti no início da temporada. O ano começou com o bicampeonato da Supercopa e arrancadas espetaculares no Brasileirão e no Paulistão. Na última quinta-feira, informamos que o Corinthians chegou ao milésimo gol, mas descobertas feitas nos últimos dias moveram a barrinha da autora. No dia do feito, o milésimo gol em jogos oficiais disputados na era Arthur Elias teria sido o oitavo diante do Ska Brasil, assinalado por Victória Albuquerque. Ao refazer as contas com as recentes apurações do Retrospecto Corinthians e do SCCP Stats Feminino, constatamos que o milésimo gol foi o quinto e saiu dos pés da lendária Grazi.