Corinthians, 106 anos de representação popular

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De volta a 1964: A manifestante Deborah Fabri foi atingida no rosto por estilhaço de bomba lançada pela PM contra os manifestantes antigolpe na noite de 31 de agosto em SP. A fotografia foi feita por Roberto Seracinski, dos Jornalistas Livres. Deborah perdeu uma das vistas.

Um dia depois de mais um golpe de Estado executado por forças reacionárias na história do Brasil, nosso Sport Club Corinthians Paulista completa 106 anos de fundação.

Lá se vão dois séculos desde o autogolpe de Pedro II. Depois viriam o golpe militar que fundou a República em uma patética vingança pelo fim da escravidão; o acordo de cavalheiros que impôs ao resto do Brasil os interesses das elites agrárias de São Paulo e Minas Gerais; os golpes que alçaram e apearam Getúlio Vargas ao e do poder; o suicídio de um Getúlio eleito que retardaria por dez anos o golpe civil-militar que derrubou João Goulart; o golpe dentro golpe; e agora o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff.

São tantos os golpes em nossa história que seria possível até criar uma disciplina no currículo escolar chamada A História Golpista das Elites Brasileiras, ou qualquer coisa neste sentido. E quem sofreu com isso, em todas as ocasiões, foi o povo, sempre o povo. Mas esse tal de povo, contra todas as probabilidades, resiste.

Cento e seis anos atrás, Miguel Battaglia, primeiro presidente alvinegro, profetizou: “O Corinthians é o time do povo e é o povo quem vai fazer o time”.

Depois da profissionalização do futebol, lentamente a diretoria do Corinthians usurpou do povo essa prerrogativa, mas a torcida alvinegra seguiu na luta. Em meio aos anos de chumbo surgiu a Gaviões da Fiel, em desafio a Wadih Helu, preposto da ditadura civil-militar que por muito tempo desmandou no Corinthians. Ao longo dos anos outras torcidas organizadas se formaram, quase todas elas levando na alma o lema de Miguel Battaglia.

Nos últimos dias, em São Paulo, companheiros do Coletivo Democracia Corinthiana sofreram na pele e na alma junto com outros movimentos antigolpe com a máquina de repressão da Polícia Militar a serviço do governo fascista do Estado.

Ontem deu-se o golpe. Hoje, no aniversário de 106 anos do Sport Club Corinthians Paulista, que se inicie a verdadeira resistência.

Vai, Corinthians!

Fora Temer!