O Corinthians em 2008
70 jogos
44 vitórias
16 empates
10 derrotas
134 gols pró
56 gols contra
Título conquistado em 2008
Campeonato Brasileiro da Série B
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De cabo a rabo, 2008 foi o ano do Corinthians. No início, o único assunto era o rebaixamento do Corinthians para a Série B. Depois de uma campanha mediana no Paulistão, do inesperado vice-campeonato na Copa do Brasil e da conquista da Série B com o pé nas costas, os rivais do Timão até se esforçaram, mas não conseguiram ganhar espaço nas manchetes dos jornais. Isto porque, apenas alguns dias depois de o São Paulo ter conquistado lá do jeito dele o Campeonato Brasileiro da Série A, tornando-se o primeiro tricampeão consecutivo e primeiro clube a ter seis títulos do nacional disputado a partir de 1971, o Corinthians anunciou a contratação de Ronaldo, o Fenômeno.
Ninguém botava fé e todo mundo deu risada, inclusive alguns corinthianos, quando a hipótese foi aventada. Eis que, num golpe de marketing perfeito, Ronaldo, campeão mundial em 1994 e 2002 pela seleção brasileira, três vezes eleito o melhor jogador do mundo, foi oficialmente apresentado como atleta do Timão na sexta-feira, 12 de dezembro. As sirenes do Parque São Jorge soaram para a chegada de um craque pela primeira vez desde Carlitos Tévez.
É claro que a mídia antidesportiva vai fazer mofa da contratação e dizer que Ronaldo está gordo e não vai voltar a render. Afinal, a camisa do Corinthians pesa e ele não foi contratado pelo São Paulo, aquele time que nem precisaria de assessoria de imprensa porque a imprensa esportiva já fazem o serviço de graça. Mas como a mídia antidesportiva malha, malha e o Corinthians só se fortalece, é bom não dar crédito às previsões dela.
Para não me estender muito, como todo mundo agora deve saber, Ronaldo veio para o Corinthians em detrimento do Flamengo. E para quem duvida da capacidade e da inteligência desse fantástico centro-avante farei apenas uma observação: ele demonstrou seriedade e profissionalismo ao optar por jogar em São Paulo ao invés de no Rio de Janeiro.
O futebol carioca, infelizmente para os amantes do futebol, virou o destino predileto dos boleiros afeitos à gandaia e ao chinelinho. Quem quer jogar seriamente vem para São Paulo, onde os clubes oferecem ambiente e estrutura mais favoráveis ao exercício profissional do futebol. Não é à toa que os últimos cinco campeonatos brasileiros foram conquistados por times paulistas.
Agora vamos ao balanço que costumo fazer sempre que o Corinthians encerra suas temporadas.
Dois mil e oito foi um ano de recordes, mas começou cheio de dúvidas. No Campeonato Paulista, com o time ainda imaturo e em formação, o técnico Mano Menezes levou o Corinthians à quinta colocação, perdendo a classificação para as semifinais na última rodada da primeira fase.
Àquela altura, o alvinegro era um time perceptivelmente traumatizado pelo rebaixamento. Ainda assim, fez uma campanha inesperadamente boa na Copa do Brasil. Reverteu uma desvantagem complicada contra o Goiás nas oitavas, despachou o sempre chato São Caetano nas quartas, eliminou o Botafogo nas semifinais e perdeu o título para o Sport Recife por causa de algumas vaciladas individuais na decisão.
Na Série B, com um elenco mais técnico do que fisicamente forte, o Corinthians passeou. Exceto por um ou outro tropeço, liderou o campeonato de ponta a ponta e assegurou o retorno à divisão principal do Brasileirão com seis rodadas antecedência, batendo todos os recordes dessa competição na era dos pontos corridos.
Ao todo, o Timão disputou 70 partidas em 2008, sendo 44 vitórias, 16 empates e apenas 10 derrotas, com 134 gols marcados e 56 sofridos, o que representa um saldo positivo de 78 tentos.
Com essa campanha, o Timão igualou em vitórias a temporada de 1977, a terceira mais proveitosa em número bruto de jogos vencidos na quase centenária história alvinegra. Nesse quesito, aliás, as 44 vitórias de 2008 e 1977 ficam atrás somente dos anos de 1952 e 1956, quando o Corinthians venceu, respectivamente, 49 e 46 jogos. Comparativamente, porém, o porcentual de jogos vencidos em 2008 é superior ao de 1977, quando o Timão disputou 77 partidas.
Dois mil e oito também foi o ano com menos derrotas desde 1990, quando o time venceu 31 jogos, empatou 30 e perdeu 8 em 69 disputados. Esta foi também a temporada com menos gols sofridos desde 1991, quando o Timão teve suas redes balançadas 52 vezes em 76 partidas.
A maior parte do mérito, a meu ver, deve ser atribuída ao técnico Mano Menezes, vindo do Grêmio. Ao longo dos 70 jogos deste ano, ele pegou um time desmoralizado, amorfo e o transformou numa equipe competitiva e vitoriosa. Num trabalho em estágios, ele começou o ano arrumando a defesa e depois ajustou o meio de campo, mas ainda tem problemas com o ataque.
A chegada de Ronaldo dará a Mano Menezes a chance de consertar a única posição ainda deficiente do Timão na busca por uma vaga na Libertadores no ano do centenário alvinegro. Para isso, o Fenômeno precisará trabalhar para perder peso e recuperar pelo menos parte de seu antigo ritmo. Trabalho sério e garra são as palavras de ordem para ele e para o Corinthians. O resto é consequência.