1 x 2
O Corinthians fechou 2025 com feitos improváveis em campo. Em meio à pior crise institucional da história alvinegra, o Timão do Povo venceu o Vasco da Gama por 2 x 1 em plano Maracanã na noite deste domingo e faturou o tetracampeonato da Copa do Brasil.
Mesmo com transfer ban, endividamento fora de controle e indícios de roubo até de material esportivo, a mística mosqueteira mais uma vez manda avisar a quem insiste em não ouvir: o Corinthians é a Fiel. É a torcida que tem um time, não um time que tem torcida.
Se o roteirista do futebol brasileiro dissesse lá em janeiro que o ano acabaria como acabou, nenhum corinthiano acreditaria.
Depois de seis anos sem nenhuma conquista, o Corinthians ganhou o Campeonato Paulista em cima do Palmeiras.
Em relação à Copa do Brasil, o Timão chegou a ter, em 2024, menos de 1% de classificação para a edição deste ano. Depois foi avançando como “azarão”, devastou o maior rival nas oitavas e, depois de três anos batendo na trave, finalmente voltou a erguer a Copa do Brasil, título que não vinha desde 2009.
Para os pseudoespecialistas metidos a isentões, o Corinthians não passava do Palmeiras. Passou. Não era páreo para o Cruzeiro. Avançou. Depois, o Vasco virou favorito ao título ao segurar um empate em Itaquera. Nunca o Corinthians. Como pode o Corinthians? Parece proibido. Talvez seja.
Além da conquista em campo, o Corinthians consegue algum respiro financeiro, com garantia de receitas que não estavam no radar até outro dia. Isso por causa das disputas, em 2026, da Supercopa do Brasil e da Libertadores, já na fase de grupos.
No entanto, os demandos administrativos dos últimos anos tiraram do Corinthians a condição de maior potência do futebol brasileiro.
As penas da aluguel de dirigentes rivais fingem que o futebol brasileiro começou em 2018. Segundo eles, nada havia antes disso. Apenas para não admitir que ninguém foi mais vitorioso que o Corinthians no Brasil entre 1990 a 2017. O Corinthians segue como o último clube sul-americano a ter conquistado o Mundial da Fifa, aliás.
O fato é que, mostra a história do futebol brasileiro, não existe hegemonia eterna. Em algum momento, quem está na crista da onda é alcançado pelos rivais. É saudável que seja assim. Para um país com as dimensões e a capacidade do Brasil, a tentativa de espanholização em curso é só mais uma manifestação de estupidez.
Mas o assunto aqui é Corinthians. O Timão reergue-se mais uma vez das cinzas apesar de seus dirigentes. Andrés Sanchez, Roberto de Andrade, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo afundaram o SCCP em dívidas. Há indícios fortes do que todo mundo já desconfiava: usaram dinheiro clube para cobrir despesas pessoais.
Ainda assim, o Corinthians manteve-se forte em tudo o que disputou. No futebol feminino, conquistou o hexa na Libertadores (tri consecutivo) e o hepta no Brasileiro (hexa consecutivo). No futsal, acabou vice-campeão paulista e da Liga Nacional. No basquete, faz boa campanha na NBB.
Ainda assim, os incapazes de plantão no Parque São Jorge falam em acabar com o futsal e o basquete. Só não acabam com o feminino porque não podem, mas castigam a Fiel sufocando financeiramente as brabas.
A crise interna é tamanha que até uma reforma do estatuto entrou no debate. Há quem queira transformar o clube em SAF. A torcida exige direito a voto via programa Fiel Torcedor. Podiam aproveitar para banir Sanchez, Andrade, Duílio e Melo do quadro associativo.
Esperar que desse debate todo saia algo de bom para o Corinthians parece ingênuo. Dia desses, ao argumentar contra a possibilidade de intervenção judicial no clube, o jurídico alvinegro alegou que não haveria “consenso quanto à caracterização do Corinthians como patrimônio cultural brasileiro”.
Uma administração que permite essa linha de argumentação pelos advogados da própria instituição não está à altura do Grêmio Recreativo da Vila Rebimboca da Parafuseta, muito menos do Sport Club Corinthians Paulista.
O flagelo que hoje aflige o Corinthians está em suas entranhas. A maior parte do quadro associativo do clube acha que é dona do SCCP. Vota em Duílio, Melo e companhia em troca de uns nacos de carne e cerveja. Fala em acabar com futsal e basquete, mas não abre mão da boca livre e das sessões de tapinhas nas costas.
O fato de eles pagarem a cara mensalidade deveria dar direito somente ao uso do clube social. E só. Cargos de direção e postos de decisão deveriam ser reservados somente a quem é publicamente corinthiano.
O futuro do SCCP passa por essa gente entender que quem carrega o Corinthians nas costas é a Fiel. É preciso voltar às raízes. O Corinthians é o time do povo e é o povo que vai fazer o time.
| Artilheiros do jogo: Yuri Alberto e Memphis Depay |
| Contra o Vasco da Gama |
| O Corinthians sob o comando de Dorival Júnior |
| O Corinthians no Maracanã |
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| O Corinthians na história |