A metralhadora de fake news do governo Jair Bolsonaro atingiu o Corinthians na última sexta-feira.
Em evento sobre liberalismo econômico realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu fazer graça ao abordar genericamente supostas irregularidades na construção da Arena Corinthians.
“Se o presidente é Corinthians, surge o estádio do Corinthians. Ninguém consegue pagar aquilo lá”, alegou Guedes ao referir-se àquele que talvez seja o único estádio economicamente viável daqueles erguidos para a realização da Copa do Mundo, levando ao delírio a claque que aceita qualquer coisa se o objetivo for criticar o ex-presidente Lula ou difamar o Timão do Povo.
Para efeito de comparação, o jogo do fim de semana contra o Oeste, longe de figurar entre os de maior interesse na temporada, rendeu mais de R$ 1,3 milhão, mesmo com transmissão ao vivo na TV aberta. O resultado é praticamente o dobro da renda do clássico entre São Paulo e Palmeiras realizado na véspera no Pacaembu.
Ao que se sabe, existe um financiamento, e este vem sendo pago. Sabemos o escândalo que haveria na mídia diante de um eventual calote corinthiano.
Se o ministro sabe de alguma irregularidade, deveria cumprir seu dever e revelar fatos e informações ao invés de agir como um anticorinthiano qualquer ao disseminar irresponsavelmente suas desinformações no estilo que levou seu inepto chefe ao Palácio do Planalto.
E Guedes foi além, alegando que “o Corinthians começa a ganhar Campeonato Brasileiro” porque, em suas palavras, “todo jogo tem um pênalti roubado lá a favor deles”.
A reação da diretoria corinthiana foi digna de riso, chegando ao ponto de convidar o ministro a ir ver um jogo na Arena, provavelmente de graça num camarote, depois de ofender gratuitamente uma torcida conhecida justamente por sua heterogeneidade.
Portanto, vamos ao que interessa.
Pra começo de conversa, o Corinthians já era pentacampeão brasileiro quando a Arena foi inaugurada, em 2014. Conquistou ali os títulos de 2015 e 2017 na bola, com erros contra e a favor como acontece com qualquer time de futebol.
E quanto aos pênaltis?
O último pênalti marcado a favor do Corinthians, dentro ou fora da Arena, aconteceu na decisão da Copa do Brasil de 2018, contra o Cruzeiro, mesmo jogo no qual um lindo gol de Pedrinho foi anulado sorrateiramente. Portanto, há 25 jogos o Corinthians não vê um pênalti ser marcado a seu favor, sendo 13 deles na Arena – e até dá pra reclamar de alguns lances, mas sigamos adiante.
Se a acusação de Guedes estivesse correta, o Corinthians precisaria ter visto serem marcados a seu favor mais de 70 pênaltis dentro da Arena em jogos válidos pelo Campeonato Brasileiro desde 2014, uma média próxima de 19 por edição. E isto sem contar pênaltis fora de casa.
Para o bem ou para o mal, isto não aconteceu. Diego Salgado, o setorista de Corinthians do UOL Esporte, divulgou em seu Twitter um levantamento feito com base em dados do Footstats. Nas últimas quatro edições de Campeonato Brasileiro, o Corinthians teve 16 pênaltis a seu favor, uma média de quatro por ano.
No mesmo período, “só” 11 times tiveram a seu favor mais pênaltis do que o Corinthians. São eles: Atlético-MG (27), Grêmio (24), Fluminense (22), São Paulo (21), Sport (21), Chapecoense (20), Atlético-PR (19), Santos (19), Cruzeiro (19), Palmeiras (19) e Flamengo (18).
E pela média (quatro por edição no período), apenas Joinville e Paraná Clube tiveram menos pênaltis a seu favor do que o Corinthians. América-MG, Ceará e Figueirense também tiveram quatro pênaltis em média por edição. Todos os demais adversários tiveram mais pênaltis na média.
As informações estão aí e os dados são verificáveis. Caem na desinformação do ministro os incautos e os mal-intencionados. Afinal, estivesse Paulo Guedes tão preocupado com improbidade, irregularidades e condutas duvidosas, não estaria se empenhando tanto para – em favor da banca – exterminar o direito dos trabalhadores brasileiros de se aposentarem nem para entregar as riquezas nacionais para os gringos a preço de banana. Eu, no lugar dele, estaria de cabelo em pé com a proximidade de seu chefe com as milícias do Rio de Janeiro. Que dizer então do vasto laranjal governista? Mas o ministro parece bastante confortável com tudo isso.
O ministro dos banqueiros, aquela classe que ganha dinheiro sem produzir um alfinete, disse que a cada jogo em Itaquera um pênalti é “roubado” para o Corinthians. Até onde eu sei, roubo é crime. Seria responsável da parte do Guedes se ele apontasse quem são os criminosos. E provasse suas acusações. Mas o governo ao qual ele serve, cujo presidente hoje está nos EUA pra entregar a Amazônia, a base de Alcântara e o nosso petróleo aos gringos, parece mais interessado em acobertar certos crimes do que em punir seus autores. A direção do Corinthians deu uma resposta que pode-se dizer “fina” ao ministro. Mas a Fiel não tem obrigação nenhuma de ser educadinha com quem nos chama de ladrões, mostrando o preconceito dos almofadinhas da avenida Paulista e da Faria Lima contra o Time do Povo. O Guedes deveria, isso sim, esclarecer as acusações que pesam sobre ele de crimes cometidos no sistema financeiro. Afinal, quem é o ladrão nessa história?