Um é o melhor time do Brasil da atualidade na opinião da imprensa. O outro é o melhor time do País dentro do campo. Talvez não seja preciso dizer que falo de Palmeiras e Corinthians, nesta ordem por causa do encadeamento anterior das frases, mas está dito.
Desde que passou a receber caminhão atrás de caminhão de dinheiro de um patrocinador dedicado ao negócio da agiotagem oficial, o Palmeiras começou a drenar para suas fileiras todo o tipo de jogador, alguns deles muito bons, outros nem tanto.
Já o Corinthians, depois de ganhar com sobra o Campeonato Brasileiro de 2015, desmanchou o elenco, permitiu que em 2016 o Palmeiras não encontrasse concorrente e chegou a 2017 maldosamente apelidado de “quarta força” do futebol paulista.
Eis que a “quarta força” foi campeã paulista, ganhou o Brasileirão mais uma vez com uma campanha contundente e, de quebra, derrotou o Palmeiras em todas as ocasiões em que os dois clubes estiveram frente a frente em 2017.
Ainda assim, a mídia regiamente remunerada pelos anúncios do patrocinador alviverde exigia um tira-teima. O Corinthians podia não ser mais chamado de “quarta força”, mas seguia considerado inferior.
Na fase de classificação, um choque: enquanto a crônica esportiva esperava um baile palmeirense em cima de um Corinthians ainda inconstante e sem centro-avante, o alvinegro bailou em cima do adversário.
Nas quartas-de-final e nas semifinais, diante de Bragantino e São Paulo, o Corinthians saiu perdendo e teve que correr atrás. Para muitos soou como o derradeiro sinal de que na decisão do título o Palmeiras mostraria em campo a pretensa superioridade enxergada nos papéis e telas por aí.
A diretoria alviverde pediu para adiantar a primeira partida da final para um sábado por causa de um compromisso de meio de semana pela Libertadores. A diretoria corinthiana aceitou, apesar de o Corinthians ter terminado a disputa de pênaltis com o São Paulo quando já entrava a quinta-feira.
Veio o primeiro jogo da decisão. E se na fase de classificação Fabio Carille deu um nó em Roger Machado, o competente treinador alviverde deu o troco. O Palmeiras foi a Itaquera, achou um gol logo no início e pôde passar o restante da partida dedicado à proposta de segurar a vitória diante de um adversário lutador, mas desfalcado e sem inspiração ofensiva.
Para o jogo de volta, a crônica esportiva era praticamente unânime quanto ao favoritismo palmeirense, ainda mais no Allianz Parque. Mas quem se importa com a opinião da crônica esportiva quando se tem ao lado a Fiel?
Na noite de sexta-feira, dezenas de milhares de corinthianos foram a Itaquera abraçar o Corinthians. Em um treino aberto que a diretoria do Palmeiras tentou embaçar. Mas como dito acima, estamos falando da Fiel. Os jogadores desceram do ônibus nos braços do povo. A proscrita festa pagã das bandeiras e dos sinalizadores embelezou Itaquera e deu ao elenco a força para a batalha final.
Não poderíamos estar no estádio por causa da inépcia do Ministério Público e da Polícia Militar, mas estaríamos em cada átomo de cada atleta, marcando, correndo, vibrando, jogando junto.
E assim foi. A vitória no tempo normal veio contra tudo e contra todos. Enquanto Dudu tentava o tempo inteiro induzir a arbitragem a erro, o Corinthians jogava com foco, sem entrar na pilha. O gol a um minuto e meio de jogo foi fundamental para que o Timão levasse a ferro e fogo sua proposta. E foi a vez de Carille dar um troco em Roger. Abrindo e fechando rapidamente um parêntese, é provável que Carille e Roger estejam inaugurando o duelo entre treinadores mais interessante da última década no futebol brasileiro. Ponto.
Depois do título conquistado nos pênaltis, o presidente palmeirense saiu a público vomitando asneiras, tentando depreciar um título pelo qual o time do Palmeiras lutou também até o último minuto. Como se a data do jogo de ida não tivesse sido alterada a pedido deles para que pudessem usar o time titular pelo Paulista e pela Libertadores. Como se eles não tivessem tentado embaçar o treino aberto corinthiano marcando um no mesmo horário cientes da força da Fiel. Como se eles não quisessem ganhar para justificar os investimentos e provar o discurso de que são os melhores.
Então, não são não.
E o lide do choro do mau perdedor na verdade é: queríamos ganhar nem que fosse roubando!
O Corinthians ganhou cinco dos últimos seis clássicos. E nos últimos 11 meses faturou dois campeonatos paulistas e um brasileiro, contra nada de seu maior rival.
Que o Palmeiras siga sua trajetória de badalação e bajulação. E que os jogadores, os diretores e os membros da comissão técnica do Corinthians não percam de vista que o mais importante jogador mosqueteiro é a Fiel.
Um por todos, e todos por um!
Parabéns, Ricardo! Texto irretocável! Falou tudo!
Se o pênalti fosse marcado, quem bateria? dudu ou lucas lima?
Hahahaha… E o pior é que nem pênalti foi. Eles queriam ganhar roubado mesmo.
Salve, Ricardinho! Mais uma vez um comentário afiado e preciso. Diria até que bastante elegante, contrastando com a soberba desvairada do presidente do Palmeiras. Até os jogadores de lá devem estar com vergonha. Sobre o Timão, o que convenhamos é o que realmente importa falar, foi mais uma conquista histórica. Surpreendente para os outros, não para a Fiel. Duro explicar né? Mas vamos lá tentar mais uma vez: ISSO É CORINTHIANS!!!!
Valeu, Marcião. Tenho pra mim que grande parte dos antis só é anti por inveja e incapacidade cognitiva, por não entender o que é ser Corinthians!
Dias atrás encontrei um amigo vascaíno , coisa raríssima em minha pequena cidade no interior de Minas. Palavras dele ” dá inveja do Corinthians, queria que o meu time despertasse tanta dor de cotovelo nos outros. É todo mundo contra vocês, principalmente em SP. ” E terminou dizendo ” eu sou vascaino, não sou anti “.
Ao presidente do palmeiras (com minúsculas), lhe caiu muito bem um ditado. Ele está CARECA de saber que foram derrotados, lutaram como NUNCA é perderam como SEMPRE. Mas dá para entender, foram zoados pelo maior rival em sua própria casa (ou é da W. Torres?) É essa minha vontade de rir não passa! Ah! Corinthians!
Belo texto Ricardo. Como você disse jogamos sem CENTROAVANTE e ganhamos. Jogamos com UM A MENOS (expulsão do Gabriel) e ganhamos. Jogamos na CASA DELES e ganhamos. Jogamos com período sem GRANA (e eles se gabando) e ganhamos. Jogamos só com a PRESENÇA da torcida (minúscula mesmo, tanto letra e as pessoas) e ganhamos. Acho que teremos que jogar com dez jogadores e SEM GOLEIRO, olha e acho que ganhamos. E essa vontade de rir que não passa. AH! Corinthians EU TE AMO!
Excelente retrato escrito da realidade!!! Vai Corinthians!!!!