2 x 2
Podem chorar que o choro é livre. Desconheço o autor de frase tão adequada para o momento. Choram os falsos representantes do povo, choram aqueles que tentam se apropriar do que não lhes cabe, sem saber que suas mentiras se dissolvem na medida em que lágrimas de crocodilo escorrem de seus olhos. O nível do Rio Guaíba atingirá nos próximos dias seu nível recorde com as lágrimas choroladas. Nada que os meteorologistas não sejam capazes de prever.
O verdadeiro time do povo, um certo clube fundado em 1910 por bravos e aguerridos operários, optou por não chorar pelo leite derramado. Foi roubado em 1976. E daí? Já o roubaram tantas vezes, antes e depois. Também foi vítima do corpo mole chorolado em 2007. E daí? Certos grupos minoritários (e influentes) se comprazem em foder o povo, alguns abertamente, outros de forma dissimulada. Que novidade há nisso?
Eis que o verdadeiro time do povo caiu de cara na sujeira, pois errou mais do que acertou durante algum tempo, como pode suceder a qualquer um. E há quem caia e se entregue ao infortúnio. Há quem caia e ceda ao pranto dos derrotados. Há quem caia e culpe todos os outros por suas próprias falhas, sem realizar o difícil e edificante exercício da autocrítica.
Mas não está morto quem peleia. Povo que é povo não se abate, não se dá ao luxo de sentar num canto e chorar à espera da passagem da roda viva. E muito menos pode fazê-lo quem representa essa gente tão sofrida, quem simboliza com legitimidade essa luta de cada dia contra a persistente sabotagem das engrenagens de um sistema que teme o poder do povo.
A luta é contínua, é desgastante, é incessante. Mas no fim vale todo o suor, toda a perseverança, cada gota de sangue, toda a sanidade deixada pelo caminho.
Gigante que é, o time do povo, o verdadeiro Timão, à altura de sua fiel e sofrida nação, primeiro sustentou-se em seus joelhos para a seguir reerguer-se de modo legítimo e deixar a impressão de ter voltado ainda maior, ainda mais forte – e mais perigoso ainda aos olhos de seus detratores.
A grandeza não se mede somente em palavras e impressões, mas também em feitos, em atos de bravura, na resistência contra as injustiças. E nisso primaram esses mosqueteiros, esses bravos guerreiros que, um por todos e todos por um, elevam a cada novo título a luta do povo a uma escala mitológica, derrotando monstros imaginários e falsos deuses para reivindicar uma vez mais seu devido lugar no panteão sagrado do futebol.
Felipe, Alessandro, Chicão, William, André Santos, Cristian, Elias, Douglas, Jorge Henrique, Dentinho, Ronaldo, Mano Menezes e o restante do elenco e da comissão técnica mais uma vez guerrearam por uma nação de dezenas de milhões. Eles voltam vitoriosos do front. Compraram a briga que ninguém queria comprar e agora têm seus nomes inscritos definitivamente na história do campeão dos campeões.
Aos derrotados resta o choro, pois cativar a pena é o único recurso que lhes sobra. Aos chorolados, inocentes úteis da engrenagem, fica a sugestão para que se apressem em secar as lágrimas, antes que a profusão delas termine por dissolver a máscara de mentira e de falsidade que tão bem lhes serviu nos últimos anos.
| Artilheiros do jogo: Jorge Henrique e André Santos |
| Contra o Inter-RS |
| O Corinthians em 2009 |
| Pela Copa do Brasil |
| No Beira-Rio |
| Sob o comando de Mano Menezes |
| O Corinthians na história |
Texto inspiradíssimo! Lavou a alma! E que timaço era aquele de 2009. Deu até saudade…
Valeu, Marinho. Estou republicando os textos da versão anterior do blog, normalmente no aniversário de dez anos de cada jogo, para que os registros não se percam.