Mosqueteiras conquistam a Copa do Brasil de Futebol Feminino

fem16As meninas do Audax/Corinthians conquistaram na noite de ontem a Copa do Brasil Feminina. O título veio com a vitória por 3 x 1 obtida sobre as meninas do São José no estádio José Liberatti.

No jogo de ida da decisão, em São José, houve empate por 2 x 2. As meninas do São José, ressalte-se, foram campeãs mundiais de futebol feminino em 2014, são tricampeãs da Libertadores, já foram bicampeãs da Copa do Brasil recentemente e estavam invictas na edição deste ano. Até chegarem à final.

Na decisão, a zagueira Pardal abriu o placar no primeiro tempo. Na segunda etapa, a artilheira isolada da Copa do Brasil, Chú Santos, ampliou para o Timão, Raquelzinha descontou para o São José e Gabi Nunes deu números finais à partida.

A campanha do título contou com seis vitórias, três empates e apenas uma derrota, com 26 gols marcados (2,6 por jogo) e 8 gols sofridos (0,8 por jogo). A conquista classificou o Audax/Corinthians para a Libertadores Feminina de 2017.

Parabéns às guerreiras não apenas do Corinthians, mas de todos os outros times, pois quem acompanha o futebol sabe o perrengue que passam as mulheres que tomam a decisão de disputar uma modalidade esportiva relegada a segundo plano pela mídia brasileira, a exemplo de dezenas de outras. Para quem estava longe e precisou acompanhar o jogo pela televisão, a transmissão coube somente à TV Brasil.

O futebol feminino ganha os holofotes somente quando aparece um torneio internacional importante. E os comentaristas da mídia ainda se sentem no direito de cobrar pesadamente essas mulheres, muitas vezes tratadas com preconceito por jogarem futebol, com dificuldade para encontrar patrocínios e cujos ganhos são infinitamente menores que os de seus correlatos masculinos.

Se há um clube no Brasil que deveria manter um elenco permanente e próprio no futebol feminino brasileiro, ele se chama Sport Club Corinthians Paulista. Isto aconteceria se o clube tivesse uma administração consciente de suas raízes e de seu lugar no mundo. O time feminino do Audax/Corinthians, no entanto, é uma parceria entre o Timão e o Audax Osasco surgida este ano para cumprir as exigências do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, mais conhecido como Profut.

Sancionado em 2015 pela presidenta Dilma Rousseff, o Profut refinanciou pelo prazo de 20 anos as astronômicas dívidas dos clubes de futebol com o governo federal. Os clubes que aderiram também receberão descontos no pagamento de juros e multas. Uma das contrapartidas dos clubes que entraram no Profut é a destinação de um investimento mínimo em futebol feminino.

Trata-se, portanto, de uma exigência do governo federal, e não de algo a que os clubes tenham aderido pela causa. Espero, com toda a sinceridade, que o presidente Roberto de Andrade fique longe deste troféu, pois ele pertence às guerreiras que o conquistaram.

Se com um investimento mínimo – não vamos nos iludir que os clubes de primeira divisão destinem muito mais do que o mínimo – essas meninas já conseguem façanhas como a do São José em 2014, imaginemos como seria se houvesse uma estrutura decente para o futebol feminino.


| O futebol feminino do Corinthians sob o comando de Arthur Elias |


Confira a campanha:

Primeira fase:
31/08/2016 – Audax/Corinthians 9 x 0 Pinheirense
04/09/2016 – Pinheirense 0 x 2 Audax/Corinthians

Oitavas-de-final
07/09/2016 – Audax/Corinthians 3 x 0 Santos
12/09/2016 – Santos 2 x 2 Audax/Corinthians

Quartas-de-final
22/09/2016 – Flamengo 1 x 1 Audax/Corinthians
28/09/2016 – Audax/Corinthians 1 x 0 Flamengo

Semifinal
06/10/2016 – Audax/Corinthians 2 x 0 Cresspom
13/10/2016 – Cresspom 2 x 1 Audax/Corinthians

Final
19/10/2016 – São José 2 x 2 Audax/Corinthians
27/10/2016 – Audax/Corinthians 3 x 1 São José


One thought on “Mosqueteiras conquistam a Copa do Brasil de Futebol Feminino

  1. Parabéns às guerreiras do Timão! E, mais uma vez, o Ricardo usou palavras apropriadas para falar dos temas relacionados ao Corinthians.

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